Tabacaria do Fontana
A prosa e a poesia
sábado, 10 de agosto de 2013
Poemeto no balcão
Um sorriso triste
(luiz alfredo motta fontana)
a pior despedida
a do poeta à sua musa
ali, em silêncio
ao pé de versos mudos
recolhe o desejo
já não há retorno
apenas um sorriso triste
quinta-feira, 22 de março de 2012
Poemeto no Balcão
O sonho
(luiz alfredo motta fontana)
Quando o poeta sonha
Quando a poesia é manto
A musa então acorda
Entre versos espreguiça
A dor então amaina
E viver é possível
domingo, 4 de março de 2012
Poemeto no balcão
Enredos findos
(luiz alfredo motta fontana)
Se...
foram belos
Se...
foram vivos
Se...
foram apenas momentos e risos
Restam...
nus
com seus enredos findos
domingo, 22 de janeiro de 2012
Poemeto no balcão
Cinzas
(luiz alfredo motta fontana)
no olhar, o sonho
nos lábios, vestígios
nos gestos, o cansaço
no corpo, a fantasia rasgada
na avenida, recordações em confetes esquecidos
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
Poemeto no balcão
Ausência
(luiz alfredo motta fontana)
não importa a mesa
não importa o bar
nem mesmo a idade do malte
entre um cigarro e outro
mesmo com o sambinha ao fundo
alheia ao murmurinho
tua ausência nua
estará ao lado
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
Poemeto no balcão
Leitura do passado
(luiz alfredo motta fontana)
quando os personagens envelhecem
quando a platéia encolhe
talvez é chegada a hora
de trocar, ao menos, o cenário
mas...
o enredo continuará
quinta-feira, 23 de junho de 2011
Poemeto no balcão
Um beijo
(luiz alfredo motta fontana)
Solto
ao pé do poema
na sombra úmida dos versos
um beijo espreita
em busca da musa
que distraída vagueia em prosa
sexta-feira, 8 de abril de 2011
Poemeto no balcão
Silêncio em branco
(luiz alfredo motta fontana)
versos desnorteados
poesia dispersa
fotografias encabuladas
tingindo a esquina
quebrando o caminhar
resta ao poeta
o silêncio em branco
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Poemeto no balcão
Decote
(luiz alfredo motta fontana)
Decotado verso
entreaberto em seios
Curta poesia
mal lhe cobre as curvas
Delicado acessório
o brilho é de seus lábios
sábado, 26 de fevereiro de 2011
Poemeto no balcão
"Alegria Antiga"
(luiz alfredo motta fontana)
Quando você passar
entre Pierrots e Columbinas
quando você gingar
ao repicar dos tamborins
Seguirei o corso
mesmo que atravessando
o samba e a avenida
vestindo a fantasia
de "Alegria antiga"
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Poemeto no balcão
menino vadio em breve fuga
(luiz alfredo motta fontana)
Como em outras noites
tua epiderme cobre
dois, ou três, dos meus sonhos
Tuas mãos suaves
tocam minha sombra
que repousa em teu seio
Acordar só amanhã
ao som
já conhecido
deste menino vadio
em breve fuga
(luiz alfredo motta fontana)
Como em outras noites
tua epiderme cobre
dois, ou três, dos meus sonhos
Tuas mãos suaves
tocam minha sombra
que repousa em teu seio
Acordar só amanhã
ao som
já conhecido
deste menino vadio
em breve fuga
sábado, 29 de janeiro de 2011
Poemeto no balcão
O garoto que já fui
(luiz alfredo motta fontana)
Teu viço,
já não possuo
Teus sonhos,
de quase todos acordei
Teus medos,
deram-me certezas
Tuas lutas,
desenharam minhas cicatrizes
Tua verdade,
meu credo
Teu sorriso,
ainda guardo
Teu olhar,
meu guia
Tua tristeza,
minha assinatura
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
Poemeto no balcão
O arrepio
(luiz alfredo motta fontana)
mesmo em tardes
mesmo em rotinas
mesmo distraída
o vento
ou sua ausência
tocava-lhe a pele
e com ele
ou na sua ausência
o arrepio era o mesmo
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
Poemeto no balcão
o incidente
(luiz alfredo motta fontana)
chegou manso
discursou sobre liberdade
respeito, compreensão
sorria, como menino
foi quando
num deslize
olhou para além dos botões da blusa
e sem peias
marcou limites
feito velho
aprisionou o sorriso
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
Poemeto no balcão
nu
(luiz alfredo motta fontana)
sem fardos,
sem gavetas,
sem sequer segredos.
livre de bibliotecas,
acumuladas durante incertos anos,
trilhas e canções,
antes em gravações,
agora tímidas notas,
em assovios roucos
nenhum álbum,
ou mesmo fotos,
apenas as imagens retidas na memória.
esquecido dos anéis de doutor,
a lição que resta,
é antiga,
a zabumba,
do Caminho Suave.
sem culpas,
sem desculpas,
sem álibis.
livre,
leve,
nu.
e talvez,
feliz.
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
Poemeto no balcão
Versos sóbrios
(luiz alfredo motta fontana)
Despidos de poesia
percorrem métricas
Despidos de defeitos
desfilam impávidos
Despidos de nuances
simulam muralhas
Despidos de malícia
esquecem as musas
domingo, 5 de dezembro de 2010
Poemeto no balcão
redundante
(luiz alfredo motta fontana)
o tempo
quando o novo
é menor que o velho
apronta das suas
escasseiam sonhos
borbulham antigas paradas
água renovada
emergem tesouros guardados
renascem antigas partiduras
transbordam memórias
prazer efêmero
de enfim conjugar
mesmo que silenciosamente
sem medos e culpa
aquele estranho verbo
redundante e reflexivo
outrora esquecido
em estrófe última
autobiografar-se
para
de novo sonhar
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Poemeto no balcão
nuance
(luiz alfredo motta fontana)
no reflexo dos versos
em tom indiscreto
teu corpo revela
o caminho do olhar
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Poemeto no balcão
Canção para despir
(luiz alfredo motta fontana)
Que nunca encontre saídas
nos labirintos de teu corpo
que nunca acorde
junto ao abandono dos teus sonhos
que a sede se renove
no brilho ousado de teu orvalho
que nunca recupere
minha memória do antes
que só quebre a harmonia
de tuas curvas e sombras
o riso escancarado
que despe tua entrega
sábado, 20 de novembro de 2010
Poemeto no balcão
a musa e o lúdico
(luiz alfredo motta fontana)
brincava com a nudez
a cada revelar
uma promessa
em cada pose
uma senha
no cair de véus
uma certeza
nua era dona
de versos e poemas
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